quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vaiac-hel



Vaiac-hel - E reuniu - Shemot / Êxodo 35:1


“ E reuniu Moshê toda a congregação dos filhos de Israel e disse-lhes: ... Não acendereis fogo em todas as vossas habitações no dia de sábado”.Na porção em que Moshê passa ao povo as coordenadas para a construção do Mishcan, somos lembrados mais uma vez de não acendermos fogo no Shabat em nenhuma de nossas habitações, o que inclui o nosso corpo como habitação do Eterno.O fogo, em hebraico “esh” pode muito bem representar as inclinações e impulsos típicos da natureza animalesca imbuída no homem, e estes impulsos podem ser materializados em forma de maledicência. Cada palavra que sai da nossa boca tem um poder criador e é como uma fonte geradora de energia, em outras palavras, são como fagulhas que podem tornar-se um incêndio incontrolável. Quando nos ocupamos da vida alheia, cometendo lashon hará, podemos estar trazendo à vida um poder destruidor e consumidor.Para evitarmos um incêndio provocado por nossas palavras, devemos antes pensar de que forma a maledicência pode comprometer nossa relação com D-us e como pode afetar a vida do nosso próximo. De acordo com o Zohar o destino do mundo inteiro é decorrente de nossas ações.“Sussurra meu coração palavras belas; ao rei dedico meu poema e que seja minha língua como a pena ágil de um sábio escrivão. Mais formoso és que todos os homens; tuas palavras são pronunciadas envoltas em graça, certamente uma bênção eterna te concedeu o Altíssimo." (Tehilim 45 : 2 e 3)“ Estas são as coisas que o Eterno ordenou : “Seis dias se fará trabalho, e no sétimo dia haverá para vós santidade, sábado de repouso ao Eterno”.” (Shemot 35:2)É a nossa kavaná, a intenção do nosso coração, o nosso desejo de zelar pela palavra do Eterno combinado com “shamor ve zachor” (lembrar e cumprir) que infunde kedushá (santidade) ao shabat.Ignorar e profanar uma mitsvá (mandamento), por mais simples que pareça, é como assinar um documento declarando nossa independência e superioridade em relação ao Eterno. Aquele que profana coisas sagradas (hamechalel et hacodashim) reduz o potencial inerente ao homem de consertar o mundo (tikun olam). Precisamos compreender que ao cumprirmos as mitsvot (mandamentos) e zelarmos da vontade e da palavra do Eterno nós alcançamos favor contra o nosso inimigo e seus empreendimentos e conseguimos o temor dos Céus (irat shamaim). A observância da Torah e o sentido de parceria e aliança com Adonai nos leva ao refinamento da nossa alma, à nossa cura física e espiritual, abre e renova a nossa mente e nos revigora, além de trazer o perfeito equilíbrio de nossos impulsos e desejos.O Talmud nos ensina que quando encontrarmos o yetzer hará (mau impulso) devemos arrastá-lo ao bet midrash (casa de estudos). É o compromisso e a aliança com a Torah que nos fortalece e nos ajuda a vencer e destruir os obstáculos á nossa frente, pois como nos ensina o Talmud: ”se for pedra, será dissolvida; se for ferro, será despedaçado”.“Esta é a coisa que ordenou o Eterno, dizendo: “ Tomai de vós oferenda separada para o Eterno, todo doador de coração (nealiv lev) trará a oferenda do Eterno”.” (Shemot 35:5)D-us designa como deve ser construído o Mishcan para habitar entre os Benê Israel (Filhos de Israel) após tê-los perdoado pelo pecado do bezerro de ouro e pede ao povo que traga ofertas incorruptíveis de seu coração, porém a alegria do povo foi tanta em ver a Shechiná (presença divina) voltando ao seu convívio que as ofertas surpreenderam as expectativas e tornavam-se maiores á medida em que eram ofertadas.“O povo traz muito mais do que é necessário... E o material para a obra lhes era suficiente para fazer toda a obra e ainda sobrava.” (Shemot 36: 5 e 7)Toda movimentação em torno da arrecadação de materiais e posteriormente a construção do Mishcan deveria ter por trás o verdadeiro sentido espiritual do que D-us havia ordenado, uma habitação no meio do povo. D-us queria permanecer entre eles, fazer parte do cotidiano, Seu maior prazer era morar dentro do coração do homem, não se limitando às quatro paredes de um templo físico, que tinha o seu valor e grande importância, mas era apenas sombra do projeto espiritual que D-us tinha arquitetado para o homem.“E Me farão um santuário e morarei entre eles”. (Shemot 25:8)Apesar dos limites físicos da obra, D-us desejava ir além em seu relacionamento conosco, ele ansiava por morar no interior das almas, Veshachanti Betocham: e morarei dentro deles.Com isso a pretensão divina é permitir ao homem buscar para si e refinar os atributos divinos.Segundo nossos sábios, de abençoada memória, os céus não podiam alcançar D-us, nem o Mishcan poderia fazer descer a Shechiná do trono da glória, D-us não podia ser preso, limitado ou enclausurado mas, a elevação espiritual de um tsadic (justo) construía em seu coração o verdadeiro Templo.Diariamente nós nos conectamos com o mundo físico, nos relacionamos com as pessoas e aprendemos muitas coisas. Sofremos perdas, somos atacados, às vezes feridos e muitas vezes nos decepcionamos conosco e com os outros. Não é fácil lidar com as dores e lutas normais da vida, por isso, faz-se necessário, e torna-se imensamente prazerosa a nossa conexão com o espiritual, é preciso que nos conectemos com D-us por meio da oração, da autêntica adoração e do diligente estudo da Torah para que mantenhamos o nosso templo sempre limpo, puro e santificado para Sua habitação constante.É essa ligação com o Eterno que supre a nossa alma e mantém a nossa lâmpada continuamente acesa e cheia da Sua unção. Nós despertamos , a partir desta consciência, a cura para a nossa alma e apressamos a volta do nosso Mashiach.Por crermos que o espírito impera sobre a matéria que buscamos incessantemente os reais valores espirituais ocultados e escondidos por trás de cada mitsvá e símbolo.Que o Eterno remova haSatã da nossa frente e das nossas costas e que não hajam empecilhos para alcançarmos a plenitude no Olam Habá, convivendo perpetuamente com nosso D-us.“Porque somos Seus filhos e Tu és nosso pai!”

Sarah Esther

Nenhum comentário:

Postar um comentário

o comentário não expressa a opinião do blog, mas sim de seus autores!