domingo, 21 de junho de 2009

Acharei Mot / Kedoshim



(Vayicrá (Levítico) 16:1 – 20:27)

Na nossa história, a mais sutil ligação de alguém com a Torá e seus princípios já é o bastante para que uma luz por menor que seja leve este indivíduo aos caminhos da teshuvá, o retorno aos princípios, ao primeiro amor, ao desejo de santificar-se para glorificar ao Eterno. E assim no decorrer do caminho deixar-se levar pelo Eterno tornando-se santo, separado.
Na segunda parte da porção desta semana, podemos ver claramente na Torá a instituição de várias mitsvot (mandamentos) a serem cumpridas, única exclusivamente para limpar, purificar, santificar, tornando-nos talmidim chacham (discípulos sábios).
Todos os dias, pessoalmente ou através dos meios de comunicação nos deparamos com tanta brutalidade, obscenidade, violência e injustiça, atributos e características de um mundo tipicamente idólatra e sem princípios e infelizmente muito dessa contaminação é absorvida por nós e é justamente por isso que o Eterno nos lembra enfaticamente “Eu sou o SENHOR vosso D-us.”, mesmo fora do tabernáculo.
Até o capítulo 18 vemos os cuidados e normas para lidarmos com o Tabernáculo, local da Shechiná, a Presença da Glória Divina. Mas interessantemente numa rápida transição a Bíblia passa a nos ensinar como devemos nos portar e quais devem ser nossas atitudes no nosso cotidiano, no dia-a-dia, ou seja, como sermos luz no mundo lá fora, onde devemos assumir o papel do Tabernáculo do Senhor, o Templo da Sua morada.
“Eu sou o SENHOR vosso Deus.” Lev 18:2
“Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis conforme os meus juízos, e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o SENHOR vosso Deus.” Lev 18:3, 4
“A nudez da tua irmã, filha de teu pai, ou filha de tua mãe, nascida em casa, ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás.” Lev 18:9
“A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai (ela é tua irmã), a sua nudez não descobrirás.” Lev 18:11
“A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás; pois ela é parenta de tua mãe. A nudez do irmão de teu pai não descobrirás; não te chegarás à sua mulher; ela é tua tia. A nudez de tua nora não descobrirás: ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez.” Lev 18:13, 14, 15
“E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o SENHOR.” Lev 18:21
“Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; Nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é.” Lev 18:22,23
Segundo o Guia dos Perplexos , o cumprimento das mitsvot servem para inculcar no homem as atitudes corretas ou para eliminar algumas concepções errôneas, para estabelecer uma legislação justa ou para eliminar injustiças, para nos imbuir de virtudes exemplares ou para nos dissuadir de inclinações nocivas. O conjunto dos preceitos está, portanto ligado a três coisas: as opiniões, a moral e a prática dos deveres sociais, e visa fazer com que o homem possa alcançar a perfeição do corpo e da alma.₁
É notória a importância que a Torá dá à sabedoria e mais notória ainda que o tipo de sabedoria mais elevado é o que vem dos Seus princípios, melhor, a que brota do coração de D-us.
O Eterno deseja ardentemente nossa aproximação com Ele e quando falhamos, Ele anseia por nossa reaproximação. Precisamos entender neste caso, tanto a aproximação quanto a reaproximação como teshuvá, sendo que ela não é apenas um caminho de volta para quem pecou ou transgrediu a vontade divina, mas configura-se também como o caminho dos apaixonados que desejam estar a cada dia mais e mais próximos do Senhor. É isso que nos faz acertarmos em sermos santos, separados. Separados do pecado e separados para D-us.
D-us tem um cuidado tão especial com nossa integridade física e moral que logo após a morte dos filhos de Arão, o Eterno chama sua atenção para que não entre a todo instante no Tabernáculo. Apenas o cohen gadol (o sumo sacerdote) tinha permissão para entrar quando quisesse como no caso de Moisés que tinha livre acesso ao Santo dos Santos.
Mas porque logo após a morte dos filhos de Arão, ele é proibido de entrar quando quisesse no Tabernáculo? A resposta é bem simples, por ainda estar enlutado, com possíveis questionamentos em sua mente e em seu coração, D-us queria impedir que ele entrasse num local tão sagrado, puro e santo tendo em si algum resquício de mágoa ou rancor, ou mesmo tristeza o que influenciaria nos serviços que prestaria ao Senhor.
O sacerdote que oficiava no Tabernáculo tinha um encargo de responsabilidade muito grande que envolvia e comprometia toda a congregação de Israel.
Outra questão bastante intrigante e interessante desta parashá é o fato de que Acharê Mot (Depois da morte) que precede Kedoshim (Santos) devam ser estudadas juntas. Juntando os títulos que dão nome às duas porções temos: Depois da Morte, santos! É como se nos ensinando como nos portar e levando-nos a sermos diferentes dos povos das outras nações, o Eterno quisesse nos dizer: Quando as coisas deste mundo não fizerem mais tanto sentido para vós, santifiquem-se, ou depois que morrerem para as coisas deste mundo, tornem-se santos!

Sarah Ester
1. Guia dos Perplexos, Maimônides. A Prática dos Deveres Sociais, p. 52 Editora e Livraria Sefer
Fonte: hesedh

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